Eu acredito que quase toda a gente na vida já privou com
pessoas que ficam a dever à inteligência, não quer dizer que sejam más pessoas,
apenas não são as mais inteligentes, a verdade é que não podemos ser todos superdotados.
Mas trabalhar com pessoas burras é das piores coisas que nos
podem acontecer, primeiro porque nos obrigam a dar longas explicações sobre
coisas que deveriam ser óbvias, fazem-nos perder tempo e segundo porque têm a
capacidade de nos enervar.
São precisas doses enormes de paciência, sapiência e
educação para não nos saltar a tampa e dizermos alto bom e bom som – Mas és
burro ou fazes-te?
Pessoas burras têm o condão de despertar em nós o nosso
pior, o nosso lado mais brejeiro e uma má educação que iria a fazer com que
nossa mãe nos pusesse de castigo uma semana inteira.
Mas se ter um colega de trabalho pouco inteligente é mau,
ter um chefe ou um patrão burro é coisa para nos minar o espírito.
Porque além da dose extra de paciência, já que não é boa
ideia dizermos a um superior que ele é burro, nem sequer devemos dar a entender
isso, já que normalmente estas pessoas são burras, mas são bastante espertas
para entenderem quando estamos a tentar dizer-lhes que são burros. Parece um contrassenso,
mas não é já que, a menos que sejam uns miúdos, a vida já lhes apresentou
diversas pessoas que lhes disseram a verdade crua e dura – és burro que nem uma
porta!
Eu já tive um chefe que além de ser o gerente era sócio da
empresa e que apesar de não ser uma pessoa burra, era um incompetente no que
toca à gestão de pessoas e de clientes. Tinha tanta vocação para a área
comercial como eu para ser freira, se pensar bem tinha ainda menos do que isso.
Era vê-lo a cometer gafes atrás de gafes, tratava as pessoas
como se fossem algoritmos e os clientes como linguagem HTML, é claro que equipa
comercial e marketing revirava os olhos, mas não havia nada a fazer. O pior de
tudo mesmo é que ele achava que os responsáveis pelos maus resultados eram os
comercias, os maus resultados não tinham nada a ver com o facto de ele querer impingir
a mesma fórmula mágica a todos os clientes, de fazer orçamentos desajustados da
realidade e de termos uma colega que demorava 2 semanas a dar um orçamento da
gráfica, a culpa não era dela, nem sequer do fornecedor, era sempre do cliente
que não esperava.
Mas quando eu pensava que as coisas não poderiam ser piores
do que isto, eis que me deparo com uma situação muito pior.
Quando se olha para uma empresa, que mesmo sendo pequena e
relativamente recente, é promissora e cresce de ano para ano, pensa-se sempre
que tem por de trás dela um grande líder com uma visão estratégica apurada.
Pois,
isso era o que pensava mas a verdade é que para se ter uma empresa de sucesso
não é preciso ser-se inteligente, nada disso, basta estar no sítio certo na hora
certa e se tivermos um pouco de dinheiro para investir melhor ainda.
Mesmo depois de me deparar com esta situação pensei que
fosse caso único ou raro, mas não, ao longo a minha carreira profissional e das
carreiras profissionais de amigos e familiares pude perceber que é precisamente
o contrário, a maioria dos donos das PME’s são cepos e é por isso que empresas
que existem há 10, 20, 30, 40 e mais anos continuam a ser pequenas empresas cujo
único propósito é proporcionar uma vida confortável aos seus donos.
Já se sabe que a característica mais comum aos
empreendedores é serem corajosos, é atirarem-se aos negócios mesmo sem grandes
certezas, é claro que isso não é sinónimo de inteligência, no entanto, a
verdade é que quase se sempre se safam ou à custa de empréstimos que nunca mais
terminam ou à custa de ordenados miseráveis na maioria das vezes a pessoas
muito mais inteligentes do que eles próprios.
Uma coisa é certa tem de se reconhecer o mérito aos patrões
que mesmo não percebendo nada do negócio rodeiam-se de pessoas competentes, mas
mesmo aqui há uns que são espertos e deixam-nas fazer aquilo que sabem, outros
que acham que porque são donos da empresa sabem mais do que toda a gente acabam
por estragar o que os outros fazem e acabam mesmo por espantar os talentos.
Isto não seria um problema se o tecido empresarial português
não fosse reduzido e este tipo de patrões não fosse a maioria, mas num país
onde grande parte das empresas são herdadas com mérito ou sem mérito e onde
reconhecer a inteligência de um colaborador é impensável isto tem consequências
graves:
- Concentração de talentos nas multinacionais e nas startups;
- Deslocação de
talentos e mão-de-obra qualificada para fora do país;
- Aproveitamento de
jovens estagiários;
- Trabalhadores
desmotivados que se limitam a tarefas rotineiras apenas para ganharem o
ordenado no final do mês.
Ora isto tudo conjugado
origina um grave problema: um tecido empresarial pobre de ideias e estratégia,
concentrado no próprio umbigo e sem visão. Num mundo cada vez mais globalizado
as empresas portuguesas têm muito pouco para sobressaírem no panorama geral.
Pensei que a crise
se fosse encarregar de separar o trigo do joio mas a verdade é que fecharam
empresas más apenas para abrirem outras ainda piores com os mesmos donos, que pagam
ordenados ainda mais baixos e exploram ainda mais os trabalhadores com a desculpa
da crise.
Trabalhar para um patrão burro é dose, mas
trabalhar para um patrão burro e explorador é caso para nos minar o espírito um
dia de cada vez até ser insuportável trabalhar para ele.
Infelizmente é essa
a realidade de muita gente, felizmente eu saí de uma empresa com um mau gestor
antes da crise e foi o melhor que me aconteceu.
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