Dizem que quando Deus fecha uma porta abre uma janela. Mas
será que quando Deus abre uma porta fecha uma janela?
É que sempre que se resolve um problema aparece logo outro
como magia. Sempre que acontece algo bom parece que acontece algo terrível de
seguida. Será que toda a nossa vida terá de ser assim de extremos de felicidade
e tristeza?
Sou uma pessoa otimista na maioria do tempo, tento sempre
ver as coisas pelo lado positivo e quando simplesmente não existe lado positivo
tento desvalorizar com aquela conversa que poderia ser pior.
Mas às vezes é demais, o copo não passa de meio cheio para
meio vazio, o copo transborda.
O problema de pessoas como eu que estão sempre de sorriso
nos lábios, até quando recebemos uma má noticia a primeira reação é rir nem que
seja com as lágrimas nos olhos, é que toda a gente acha que a vida nos corre às
mil maravilhas.
Assim de repente todos acham que não tenho problemas, parece
sempre estar tudo bem mesmo quando está tudo mal. É claro que há dias em que dou
respostas ríspidas a muita gente e que tenho momentos de exaltação, às vezes
quando menos se espera o copo transborda e a minha paciência fica em -100, mas
regra geral é sorrisos a toda a hora.
Claro que quem sofre mais é quem está mais próximo, já que
por motivos óbvios são as pessoas com quem posso extravasar sem por exemplo
perder o emprego, o problema é que mesmo as pessoas mais próximas não estão
habituadas a nos verem com problemas.
Porque afinal somos a pessoa que está sempre bem-disposta,
sempre com energia, sempre pronta para sair e fazer os programas mais
cansativos e exigentes. A pessoa que está sempre a dizer que vai correr tudo
bem, que a vida tem de ser aproveitada, a pessoa que lhes diz para ter calma que
para tudo há remédio menos para a morte.
Às vezes dá vontade de parar o tempo, deixa-lo assim em
suspenso e respirar 3 vezes bem fundo e pensar, pensar nas resoluções, nas decisões
e nas mudanças que temos de fazer para que fique tudo bem, para que volte tudo
à normalidade, mas precisava de ser num tempo à parte, num tempo só nosso,
extra calendário que só contasse para nós e que pudesse ser vivido sem pressa.
Como é obvio esse tempo extra não existe e o que é que eu
faço? Ocupo todo o tempo que tenho com as mais diversas coisas, porque não
quero meios pensamentos, meias resoluções e no fundo não encontro soluções e
continua a rir e a sorrir.
Qual o problema disto? Um dia o copo vai partir, explodir
com tanta pressão e depois terá que haver um tempo para colar os pedaços um a
um, mas até lá ignoro ou finjo ignorar até porque todos sabemos que alguns
problemas resolvem-se com o decorrer da vida, não é esconder debaixo do tapete
é mesmo saber que para algumas coisas só mesmo tempo é remédio, e não há nada
que se possa fazer para apressar as coisas.
Nem sempre conseguimos estar alegres e abstrairmo-nos dos problemas, faz parte da vida!
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