segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Trabalhar com pessoas burras




Eu acredito que quase toda a gente na vida já privou com pessoas que ficam a dever à inteligência, não quer dizer que sejam más pessoas, apenas não são as mais inteligentes, a verdade é que não podemos ser todos superdotados.
Mas trabalhar com pessoas burras é das piores coisas que nos podem acontecer, primeiro porque nos obrigam a dar longas explicações sobre coisas que deveriam ser óbvias, fazem-nos perder tempo e segundo porque têm a capacidade de nos enervar. 

São precisas doses enormes de paciência, sapiência e educação para não nos saltar a tampa e dizermos alto bom e bom som – Mas és burro ou fazes-te?

Pessoas burras têm o condão de despertar em nós o nosso pior, o nosso lado mais brejeiro e uma má educação que iria a fazer com que nossa mãe nos pusesse de castigo uma semana inteira.
Mas se ter um colega de trabalho pouco inteligente é mau, ter um chefe ou um patrão burro é coisa para nos minar o espírito.
Porque além da dose extra de paciência, já que não é boa ideia dizermos a um superior que ele é burro, nem sequer devemos dar a entender isso, já que normalmente estas pessoas são burras, mas são bastante espertas para entenderem quando estamos a tentar dizer-lhes que são burros. Parece um contrassenso, mas não é já que, a menos que sejam uns miúdos, a vida já lhes apresentou diversas pessoas que lhes disseram a verdade crua e dura – és burro que nem uma porta!

Eu já tive um chefe que além de ser o gerente era sócio da empresa e que apesar de não ser uma pessoa burra, era um incompetente no que toca à gestão de pessoas e de clientes. Tinha tanta vocação para a área comercial como eu para ser freira, se pensar bem tinha ainda menos do que isso.
Era vê-lo a cometer gafes atrás de gafes, tratava as pessoas como se fossem algoritmos e os clientes como linguagem HTML, é claro que equipa comercial e marketing revirava os olhos, mas não havia nada a fazer. O pior de tudo mesmo é que ele achava que os responsáveis pelos maus resultados eram os comercias, os maus resultados não tinham nada a ver com o facto de ele querer impingir a mesma fórmula mágica a todos os clientes, de fazer orçamentos desajustados da realidade e de termos uma colega que demorava 2 semanas a dar um orçamento da gráfica, a culpa não era dela, nem sequer do fornecedor, era sempre do cliente que não esperava.

Mas quando eu pensava que as coisas não poderiam ser piores do que isto, eis que me deparo com uma situação muito pior. 

Quando se olha para uma empresa, que mesmo sendo pequena e relativamente recente, é promissora e cresce de ano para ano, pensa-se sempre que tem por de trás dela um grande líder com uma visão estratégica apurada. 

Pois, isso era o que pensava mas a verdade é que para se ter uma empresa de sucesso não é preciso ser-se inteligente, nada disso, basta estar no sítio certo na hora certa e se tivermos um pouco de dinheiro para investir melhor ainda.

Mesmo depois de me deparar com esta situação pensei que fosse caso único ou raro, mas não, ao longo a minha carreira profissional e das carreiras profissionais de amigos e familiares pude perceber que é precisamente o contrário, a maioria dos donos das PME’s são cepos e é por isso que empresas que existem há 10, 20, 30, 40 e mais anos continuam a ser pequenas empresas cujo único propósito é proporcionar uma vida confortável aos seus donos.

Já se sabe que a característica mais comum aos empreendedores é serem corajosos, é atirarem-se aos negócios mesmo sem grandes certezas, é claro que isso não é sinónimo de inteligência, no entanto, a verdade é que quase se sempre se safam ou à custa de empréstimos que nunca mais terminam ou à custa de ordenados miseráveis na maioria das vezes a pessoas muito mais inteligentes do que eles próprios.

Uma coisa é certa tem de se reconhecer o mérito aos patrões que mesmo não percebendo nada do negócio rodeiam-se de pessoas competentes, mas mesmo aqui há uns que são espertos e deixam-nas fazer aquilo que sabem, outros que acham que porque são donos da empresa sabem mais do que toda a gente acabam por estragar o que os outros fazem e acabam mesmo por espantar os talentos.
Isto não seria um problema se o tecido empresarial português não fosse reduzido e este tipo de patrões não fosse a maioria, mas num país onde grande parte das empresas são herdadas com mérito ou sem mérito e onde reconhecer a inteligência de um colaborador é impensável isto tem consequências graves:

- Concentração de talentos nas multinacionais e nas startups;
- Deslocação de talentos e mão-de-obra qualificada para fora do país;
- Aproveitamento de jovens estagiários;
- Trabalhadores desmotivados que se limitam a tarefas rotineiras apenas para ganharem o ordenado no final do mês.

Ora isto tudo conjugado origina um grave problema: um tecido empresarial pobre de ideias e estratégia, concentrado no próprio umbigo e sem visão. Num mundo cada vez mais globalizado as empresas portuguesas têm muito pouco para sobressaírem no panorama geral.

Pensei que a crise se fosse encarregar de separar o trigo do joio mas a verdade é que fecharam empresas más apenas para abrirem outras ainda piores com os mesmos donos, que pagam ordenados ainda mais baixos e exploram ainda mais os trabalhadores com a desculpa da crise.
 Trabalhar para um patrão burro é dose, mas trabalhar para um patrão burro e explorador é caso para nos minar o espírito um dia de cada vez até ser insuportável trabalhar para ele.

Infelizmente é essa a realidade de muita gente, felizmente eu saí de uma empresa com um mau gestor antes da crise e foi o melhor que me aconteceu.

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